terça-feira, 10 de abril de 2012

Reações Africanas ao Imperialismo

Durante o período do Neocolonialismo, as nações europeias ofereciam "proteção" às nações africanas. Assim, conseguiam melhor explorar a mão-de-obra e as matérias primas dessas nações. Vamos ver algumas respostas que os líderes africanos deram para os europeus

1 - Réplica de Machemba, chefe dos Yao, ao comandante alemão Hermann vos Wissmann, em 1880 
 Prestei atenção à vossa mensagem sem encontrar razão para vos obedecer. Preferiria morrer. Se for amizade que você deseja, então eu estou pronto para ela, hoje e sempre; mas para ser seu súdito, isto eu não posso ser. Se for guerra você deseja, então eu estou pronto, mas nunca para ser seu súdito. Não caio a vossos pés, pois sois uma criatura de Deus como eu (...). Sou sultão aqui na minha terra. Vós sois sultão lá na sua. No entanto, vede, não vos digo que me deveis obedecer, pois sei sois um homem livre. Quanto a mim, não irei à vossa presença; se sois bastante forte, vinde vós me procurar.

2 - Declaração de Premph I, rei dos Ashanti, sobre a oferta de proteção britânica em 1891
A proposta para o país Ashanti, na presente situação, colocar-se sob a proteção de Sua Majestade a Rainha e Imperatriz da Índia foi objeto de exame aprofundado, mas me permitam dizer que chegamos à seguinte conclusão: meu reino, o Ashanti, jamais aderirá a tal política. O país Ashanti deve continuar a manter, como até agora, laços de amizades com todos os brancos. Não é por ufanismo que escrevo isto, mas tendo clareza do significado das palavras (...). A causa Ashanti progride, e nenhum Ashanti tem a menor razão para se preocupar com o futuro ou para acreditar, por um só instante, que as hostilidades passadas tenham prejudicado a nossa causa

3 - Menelik da Etiópia, declaração a Rainha Vitória da Grã-Bretanha, Abril 1891. 
Não tenho a menor intenção de ser um espectador indiferente, caso ocorra a potências distantes dividir a África, pois a Etiópia há quatorze séculos tem sido uma ilha cristã num mar de pagãos. Dado que o Todo-Poderoso até agora tem protegido a Etiópia, tenho a esperança de que continuará a protegê-la e a engrandecê-la e não penso sequer um instante que Ele permita que a Etiópia seja dividida entre outros Estados. Antigamente, as fronteiras da Etiópia eram o mar. Não tendo recorrido à força nem recebido ajuda dos cristãos, nossas fronteiras marítimas caíram em mãos dos muçulmanos. Não abrigamos hoje a pretensão de recuperá-las pela força, mas esperamos que as potências cristãs, inspiradas por nosso Salvador, Jesus Cristo, as devolvam a nós ou nos concedam pelo menos alguns pontos de acesso ao mar”.


4 - Prempeh I, após ser formalmente instalado no Banco de Ouro de Ashanti por ordem do governador da Costado Ouro, 1894
Eu rezei e implorei a meus anciãos, assim como a Deus e aos espíritos dos meus ancestrais, para me assistirem, me darem a verdadeira sabedoria e amor, para dirigir e governar minha nação, e imploro a você, meu bom amigo, a rezar e pedir bênçãos para seu Deus me dar vida longa e um reinado próspero e calmo, e que minha amizade com o governo de Sua Majestade possa ser mais firme e estreita que até agora tem sido, que o passado sejam águas passadas, que a nação Ashanti desperte como de um sono, que as hostilidades a deixem, que me esforce para promover a paz e tranqüilidade e a boa ordem em meu reino e restaure seu comércio, e que a felicidade e a segurança de meu povo se generalize, e assim se eleve meu reino Ashanti a uma posição próspera, substancial e permanente como uma grande comunidade de agricultores e comerciantes como nunca ocupou até agora, e que o comércio entre seu Protetorado e meu reino de Ashanti possa aumentar diariamente com beneficio para todos os interessados nele.

5 - Behanzin, último rei de Dahomey aos governantes europeus, 1894. 
O deus criou o negro e o branco, cada um para herdar um território designado. Ao homem branco concerne o comércio e o homem negro deve negociar com ele. Não deixe os negros provocar nenhum dano aos brancos e, do mesmo modo, os brancos não devem causar nenhum dano aos negros.

6 - Hendrik Wittboi, líder Nama na África do Sudoeste aos alemães em 1894. O Senhor estabeleceu vários reinos na terra. Então eu sei e acredito que não é nenhum pecado ou crime eu desejar permanecer como chefe independente da minha terra e meu povo.

7 - Hanga, chefe dos Barué (Moçambique central), a um visitante estrangeiro em 1895. 
Estou vendo como os brancos penetram cada vez mais na África; em todas as partes do meu país as companhias estão em ação (...) É preciso que meu país também adote estas reformas, e estou plenamente disposto a propiciá-las (...) Também gostaria de ver boas estradas e boas ferrovias (...). Mas meus antepassados eram makombe e makombe quero continuar a ser.

8 - Declaração de Wogobo, o Moro Naba (rei dos Mossi) ao capitão Destenave, em 1895 
Sei que os brancos querem me matar para tomar o meu país, e, ainda assim, você insiste em que eles me ajudarão a organizá-lo. Por mim, acho que meu país está muito bem como está. Não preciso deles. Sei o que falta e o que desejo: tenho meus próprios mercadores; considere-se feliz por não mandar cortar-lhe a cabeça. Parta agora mesmo e, principalmente, não volte nunca mais.

9 - Menelik da Etiópia, ordem de mobilização contra a campanha dos italianos contra seu país em 1895.
Os inimigos vêm agora se apoderar de nosso país e mudar nossa religião [...] Nossos inimigos começaram a avançar abrindo caminho na terra como toupeiras. Com a ajuda de Deus, não lhes entregarei meu país [...] Hoje, que os fortes me emprestem sua força e os fracos me ajudem com suas orações.




Fonte:
ARNAUT, Luiz. Reações Africanas ao Imperialismo. Disponível em http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/Reacoes%20africanas.pdf

Livro Completo:
http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190255por.pdf



Atividade
Identifique e sintetize a ideia central de cada resposta dos líderes africanos.

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